“Sei que me esperam espinhos por detrás das rosas”.
Ai das crianças que haverão de nascer.
O destino existia para nós.
O destino existe para elas.
Amanhã o céu estará mais empoeirado e cinza.
Inclusive para nós: os poetas.
E amaremos mais amargamente que antes.
Os casais não se olharão nos olhos.
Ai das crianças, que haverão de nascer.
Nascerão com as mãos cortadas ou empunhando pistolas.
Nascerão com o destino selado.
Meninos escravos de homens.
As guerras proliferarão.
O ar tornar-se-á mais pesado.
As trombetas anunciarão a hora do sangue e da disputa.
Os desejos estarão inertes.
As belezas ocultas. Por debaixo das pétalas, espinhos.
Os poetas estarão todos mortos.
E a única canção será das guerras.
Este é meu último poema.
Valdelice Amado