No poema uma criança é da cor do verão
A cor do verão quando o vento sopra nos abetos,
e a sombra do mar entre a brancura das casas.
Uma criança sozinha com os seus olhos secretos
canta e ergue os braços como se fossem asas.
Sempre a caminho de um íntimo segredo,
irmã das fontes, a criança com o sorriso de água,
de lira ao peito, a sua voz de nada tem medo,
e no pequeno coração de âmbar nunca guarda mágoa.
O odor das flores, essa criança sabe-o só de o imaginar,
quando o pólen lhe atravessa a pele como se um rio fosse.
É seu o nome da primavera e todo o seu destino é cantar!
Não sabe outro caminho, nada seria se não cantasse.
E o poema depois de escrito, os seus olhos confirma
o seu rosto de rosácea, a sua pele de rio se canta.
E, se canta, a criança é toda erguida a voz que ama
tudo aquilo que ela com todo o seu dom encanta.
José Pereira