As crianças
Olham páginas em branco
E avistam cor.
Refugiam-se de baixo de um manto
De carinho e de amor.
Deslocam-se em bicos de pés
Quando querem uma carícia
E lutam contra ventos e marés,
Lealmente, sem malícia.
Pintam paredes de sonhos
Com a tinta da imaginação.
Possuem corações medonhos
Mas que cabem numa mão.
São a alma do futuro
Vindas de um passado recente.
Ainda não têm um espírito maduro.
Mas o alcançarão, calmamente.
Percorrem caminhos de descoberta
Sem os pedirem a ninguém.
E, porque a vida não é certa,
Por vezes, tratam-nas com desdém.
Ainda muito haveria para contar
Sobre os caminhantes desta faixa etária.
Mas, tal como eles, vou brincar
E pousar a caneta na secretária.
Sílvia Gonçalves