Poemas Apresentados ao III Prémio de Poesia em Rede - Publicação Provisória
25.1.09

Há algo de belo


Há algo de belo em alguém que morre novo,
E nada da beleza está na morte.
Pelos cantos putrefactos do que vejo
Vejo mais, que a vida que se acaba, antes do tempo,
(há lá tempo para qualquer vida se acabar?)
Tem algo de belo nela, nesse suspiro, nesse findar.
Um romantismo estéril e moribundo,
Do que acabou antes de vir a ser,
E a ignorância do que seria,
Evitando a decadência do lento deixar de ser.
E é triste, e é belo, e emociona-me
O arder e o apagar independente
Da vontade ou desejo do portador,
Apenas por significar o que significa:
Menos o fim de uma esperança infinita num tempo finito,
Menos uma cortina a separar o tudo do nada, e do menos que isso,
Menos uma alma incompleta à espera de o descobrir
(completa por isso)
Menos um resfriar lento e comedido, para não parecer mal,
Mais um suícidio em nome da eternidade.
 
O medo. O medo. O medo.
Perde-o.
Agora ou depois, ardendo ou apagando,
Criança com tudo ou acabado com nada,
Perde-o.
Só te resta a morte.


Pedro Leitão

 

 

link do postPor poesiaemrede, às 01:09  comentar

De Diana a 12 de Fevereiro de 2009 às 12:11
Olá Pedro...
Queria apenas deixar os meus sinceros parabéns pelo poema e pela forte mensagem que ele transmite. Foi ele que me incentivou a participar neste concurso. Terá com certeza o meu voto.
Parabéns!

De Pedro Leitão a 12 de Fevereiro de 2009 às 12:28
Muito obrigado pela simpatia:)

Eu próprio no início estava um pouco apreensivo acerca da recepção que um poema tão forte poderia ter, mas parece que afinal foi uma escolha acertada!

Parabéns pela decisão de participar, é sempre positivo fazer parte destas iniciativas;)

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